No dia 06 de Junho de 2009, estava com 36 anos, era um domingo. Lembro-me de ter tomado café da manhã e de ter separado as roupas das minhas duas filhas para írmos almoçar com os avós. À seguir não lembro-me de mais nada.
Conta meu pai que eu estava inconsciente, caída quando meu marido me encontrou, tomou-me nos braços e me levou ao hospital mais próximo. Acreditando que eu receberia o tratamento adequado, mero engano, pois passadas mais de 18 horas dentro daquele hospital não haviam identificado o meu problema, ou seja realizado o meu diagnóstico. Quando meu pai, um senhor de idade, se indispôs com a equipe questionando sobre o meu tratamento fui transferida para o Hospital Municipal São José especialidade que era a referência para neurologia.
Ao ser admitida no Hospital Municipal São José foi realizado o diagnostico de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico pela equipe da neurologia, causado por uma dissecção da artéria corótida. Meu caso era grave, a lesão cerebral extensa, tendo sido eu imediatamente submetida a uma cirurgia ( hemicranectomia descompressiva ) para tentar proteger áreas viáveis do meu cérebro e encaminhada a UTI.
Minha internação durou 48 dias internada, quando recebi alta tinha uma grande dificuldade na fala os médicos chamavam de afasia, meu braço direito completamente imóvel e meu pé direito inclinado como uma bailarina me impedindo de caminhar.
Ao receber alta fui morar com meus pais, não lembrava de nada que havia acontecido, estava com um deficit motor à direta o que me impossibilitava de me alimentar, escovar os dentes, simples atividades do dia a dia que tive que reaprender.
A minha vida mudou bruscamente, com o passar do tempo o meu casamento se desfez, meu pai me levava para sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, consultas médicas. Realizei acompanhamento na ARCD, através da indicação médica realizei uma cirúrgia na meu pé direito que possibilitou que eu não necessitasse mais da cadeira de rodas e com muito esforço voltar a caminhar.
Com relação a fala tive uma melhorar significativa e percebo que mesmo já tendo passado mais de cinco anos ainda estou em processo de recuperação, pois a melhora é percebida dia após dia. Iniciei sessões de toxina botulínica para espasticidade (iniciou em janeiro de 2012) o que me ajudou na mobilidade, na extensão dos dedos e permite que pinte as minhas próprias unhas e amarre os sapatos.
Faço diariamente exercícios em uma praça próximo a minha casa, além das sessões fisioterapia. Sou independente para o meu cuidado, sou capaz de andar sozinha nas proximidades da minha casa e faço alguns afazeres domésticos. Gosto de ler e conversar com as pessoas. Falo devagar mas consigo expressar o que quero. Apesar das mudanças radicais que ocorreram na minha vida devido ao AVC consegui encontrar forças para buscar a minha felicidade. Hoje sou novamente feliz.