Conhecer as causas e os sintomas é a melhor arma para evitar o Acidente Vascular Cerebral, doença que mais mata no País
Até o final da leitura deste texto, uma pessoa terá morrido em decorrência de Acidente Vascular Cerebral (AVC) – principal causa de óbito no Brasil. A incidência aumenta em 20% no inverno e as regiões Sul e Sudeste são as que mais somam casos de derrame (nome pelo qual o problema é mais conhecido). Prevenir o aparecimento da doença é simples. Basta seguir as determinações da boa saúde: alimentação de qualidade, controle do colesterol e da pressão arterial, além de cultivar a prática de exercícios físicos e não fumar.
O coração batendo descompassado e uma tosse insistente são alguns dos sintomas mais frequentes de quem esteve próximo a ter um derrame, como Maria Amelia Mello Pinho, 72 anos. Em meados de 2008, crises sucessivas de estresse fizeram com que a aposentada saísse em disparada para o pronto-socorro.
“Foi um susto. Precisei levar uns choques no peito e ser internada. Depois desse dia, passei a tomar anticoagulante diariamente e controlar mês a mês os níveis de coagulação do sangue”, conta Maria Amelia.
O fato de ter as taxas de glicose, colesterol, e os níveis de pressão equilibrados podem ter ajudado a livrar a aposentada de ter um AVC. Sorte não desfrutada por 400 mil indivíduos a cada ano no País – é um pouco menos que o número de habitantes de Florianópolis (onde vivem 421 mil pessoas). Desses, até 30% morrem em seguida ao ataque. Do restante, 60% morrem em cinco anos.
A principal causa do AVC isquêmico, o tipo mais fatal e que mais deixa sequelas, é a hipertensão arterial. Para abordar o assunto e trabalhar na prevenção, na quarta-feira passada foi celebrado o Dia da Consciência Vascular, sob o tema Mantenha-se em Circulação.
“A forma mais simples de resolver é abandonando a vida sedentária. Com isso, os outros índices vão se ajeitando aos poucos”, aponta o médico Adamastor Humberto Pereira, que faz parte da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.
Especialistas destacam que um dos principais erros cometidos pelos pacientes é demorar para procurar ajuda. Logo após os primeiros sintomas, cada minuto se torna precioso. Portanto, esperar que algum familiar chegue em casa para tomar providências ou ir sozinho ao hospital só atrasa o diagnóstico.
“O mais prudente é chamar a Samu, no 192. Esses profissionais estão habilitados a orientar desde o telefonema e sabem quais hospitais são mais indicados”, explica a neurologista Sheila Cristina Ouriques Martins, coordenadora da ONG Rede Brasil AVC, que tem sede no Rio Grande do Sul.
Para o neurologista vascular Alexandre Pieri, responsável pelo ambulatório de AVC da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), a ausência de sintomas, porém, não significa que a pessoa não tenha que se cuidar.
“Apenas um terço dos pacientes apresenta sinais de que estão tendo um derrame, como falta de força de um lado do corpo ou distúrbios na fala. Eles se assustam e vão ao médico. O restante não tem essa sorte. O negócio é prevenir”.
Novos medicamentos ajudam a prevenir com mais comodidade
A indústria farmacêutica tem evoluído a passos largos no desenvolvimento de drogas que ajudam a prevenir o AVC provocados por fibrilação atrial – um dos tipos mais comuns de arritmia e responsável por um a cada seis derrames. Após 50 anos sem novidades no segmento, uma nova geração de anticoagulantes chegou ao mercado neste mês.
O primeiro tem a dabigatrana como princípio ativo e já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O segundo, a rivaroxabana, já está em fase final de estudos e pode ser liberado em breve. Em comum, têm o benefício de quebrar um pouco a dependência do paciente com o médico. Para o cardiologista Gilberto Nunes, os níveis de prevenção do derrame são praticamente os mesmos dos que já existem. As vantagens estariam na comodidade.
“As drogas dispensam os tradicionais exames de sangue para controlar os níveis de coagulação e também não interagem com outros medicamentos ou alimentos que contenham a vitamina K, como alface e brócolis. Mas têm um fator limitante, que é o preço (cerca de R$ 250). Ele é bem aplicado naqueles pacientes que não têm responsabilidade ao fazer o tratamento”, explica o médico.
Aderir à risca às prescrições do médico é crucial. Poucos o fazem. Um pesquisa recente realizada em parceria com a ONG Rede Brasil AVC constatou que apenas 8% daqueles que tiveram derrame estavam utilizando o medicamento.
Fonte: Anoticia
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