Nessa segunda-feira, dia 18/05, dois estudos realizados em Joinville serão apresentados no congresso americano ISPOR 2020, que é uma das reuniões mais importantes área de economia da saúde no mundo. Os artigos são sobre um novo tratamento para casos graves de AVC, e serão apresentados pelo neurologista Henrique Diegoli, que atua no Hospital São José e na Secretaria de Saúde de Joinville.
Os estudos utilizaram dados do Joinvasc, um estudo epidemiológico que há mais de 10 anos acompanha todos os pacientes que tiveram AVC na cidade de Joinville. Os pesquisadores compararam pacientes com AVCs graves tratados com trombólise, a medicação padrão utilizada pelo SUS no Brasil, com trombectomia, um procedimento cirúrgico feito através de um cateterismo que retira o coágulo que está causando o AVC.
O primeiro artigo fez o que é chamado de estudo de custo-efetividade. Em primeiro lugar, os pesquisadores compararam pacientes com AVC grave tratados com trombólise ou trombectomia. Os resultados mostraram que aqueles que receberam trombectomia tiveram uma chance cerca duas vezes maior de ficarem independentes após o tratamento. Os pacientes tratados com o procedimento apresentavam 52% de probabilidade de estarem independentes para atividades diárias após três meses, o que é semelhante ao observado em outros países com este tratamento.
Após, foram coletadas informações de custos de cerca de 400 pacientes que tiveram um AVC e internaram no Hospital São José. Estes valores foram utilizados para comparar os custos diretos e indiretos de realizar o procedimento ou a medicação. Com estes dados, os pesquisadores demonstraram que o uso do procedimento é viável e sustentável, mesmo em uma situação de necessidade de restrições econômicas. Os pesquisadores explicam que, quando um paciente não recebe o tratamento e fica com sequelas, ele trará custos elevados para o SUS e para sua família, pois pode não conseguir voltar a trabalhar, precisar de novas internações, reabilitação, cadeira de rodas, cuidadores, entre outros.
Já o segundo trabalho utilizou os dados de Joinville para realizar uma estimativa do impacto do uso deste tratamento no SUS a nível nacional. Os dados mostram que o impacto da adoção do tratamento no orçamento da União é sustentável, além de trazer ganhos significativos para a sociedade, pacientes e suas famílias. O estudo pode ser utilizado pelo Governo Federal na decisão sobre o uso da trombectomia em outros locais no Brasil.
Os estudos utilizaram os dados de mais de 1500 pacientes atendidos com AVC em todos os hospitais da cidade nos últimos anos. Com mais de 9000 pacientes já registrados no Joinvasc, o banco de dados mostra sua importância, não só na decisão sobre políticas de saúde na cidade, mas também a nível nacional.

Mais informações: https://www.ispor.org/conferences-education/conferences/upcoming-conferences/ispor-2020/program/covid-19-plenary-session